"Qual vai ser o papel do professor? Como é que vai ser a formação do professor?"
O professor será o agente chave da escola reinventada. À medida
que a aquisição de saber se torna mais e mais um processo de exposição a uma
multiplicidade de oportunidades de aprendizagem, essa exposição múltipla
torna-se um motivo de crescente sobrecarga cognitiva, se não de total perda de
referências. Uma das principais funções da cultura é a de operar como filtro
altamente selectivo na nossa estruturação de visões do mundo e na nossa
protecção contra sobrecargas cognitivas. A solução para superar estas
sobrecargas situa-se ao nível dos processos de contextualização oferecidos pela
cultura.
A compartimentação do saber torna possível compreender uma coisa de cada vez,
mas simultaneamente nega contextos. Ora, num oceano imenso de informação, aquilo
a que prestamos atenção é aos contextos, e, em larga medida, são os contextos
que oferecem estrutura. A grande preocupação das escolas do presente é
compartimentar o saber, em vez de oferecer contextos para compreendermos um
mundo de diversidade, em que vivemos cada vez mais sequiosos de saber e mais
afogados em informação. A reconciliação entre conteúdos e contextos exige que o
desenvolvimento curricular se transforme num projecto mobilizador chave, tanto
para os professores como para as autoridades educacionais. O grande desafio já
não é o de preparar os professores para usarem as tecnologias da informação nas
suas disciplinas, mas o de manter uma reflexão interdisciplinar, e
permanentemente renovada, acerca dos modos como enfrentar as oportunidades e as
ameaças de uma sociedade da informação.
A formação de professores será forçosamente influenciada por esta
perspectiva. Não poderá continuar a ser um debitar de palavras e de práticas
para audiências mais ou menos passivas. Terá que transformar-se em trabalho de
projecto que mobilize integralmente o vigor e criatividade dos professores.
Deverá decorrer no âmbito de um grande projecto mobilizador centrado no
desenvolvimento curricular, que saiba criar uma adesão alargada por parte do
corpo docente e da própria sociedade civil.
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