quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

As Novas Tecnologias

"Qual vai ser o papel do professor? Como é que vai ser a formação do professor?"

O professor será o agente chave da escola reinventada. À medida que a aquisição de saber se torna mais e mais um processo de exposição a uma multiplicidade de oportunidades de aprendizagem, essa exposição múltipla torna-se um motivo de crescente sobrecarga cognitiva, se não de total perda de referências. Uma das principais funções da cultura é a de operar como filtro altamente selectivo na nossa estruturação de visões do mundo e na nossa protecção contra sobrecargas cognitivas. A solução para superar estas sobrecargas situa-se ao nível dos processos de contextualização oferecidos pela cultura.
A compartimentação do saber torna possível compreender uma coisa de cada vez, mas simultaneamente nega contextos. Ora, num oceano imenso de informação, aquilo a que prestamos atenção é aos contextos, e, em larga medida, são os contextos que oferecem estrutura. A grande preocupação das escolas do presente é compartimentar o saber, em vez de oferecer contextos para compreendermos um mundo de diversidade, em que vivemos cada vez mais sequiosos de saber e mais afogados em informação. A reconciliação entre conteúdos e contextos exige que o desenvolvimento curricular se transforme num projecto mobilizador chave, tanto para os professores como para as autoridades educacionais. O grande desafio já não é o de preparar os professores para usarem as tecnologias da informação nas suas disciplinas, mas o de manter uma reflexão interdisciplinar, e permanentemente renovada, acerca dos modos como enfrentar as oportunidades e as ameaças de uma sociedade da informação.
A formação de professores será forçosamente influenciada por esta perspectiva. Não poderá continuar a ser um debitar de palavras e de práticas para audiências mais ou menos passivas. Terá que transformar-se em trabalho de projecto que mobilize integralmente o vigor e criatividade dos professores. Deverá decorrer no âmbito de um grande projecto mobilizador centrado no desenvolvimento curricular, que saiba criar uma adesão alargada por parte do corpo docente e da própria sociedade civil.

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